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Trade Secret: o segredo comercial como ativo estratégico

  • Foto do escritor: Amanda Mesquita
    Amanda Mesquita
  • 17 de jun.
  • 2 min de leitura

Em um mercado cada vez mais competitivo, digital e acelerado, proteger o que torna o seu negócio único não é apenas uma questão técnica — é uma estratégia fundamental para garantir vantagem no longo prazo. Nesse cenário, o conceito de trade secret, ou segredo comercial, ganha destaque como uma forma poderosa de proteção jurídica de ativos intangíveis que, muitas vezes, passam despercebidos no dia a dia da empresa.


O segredo comercial é caracterizado como qualquer informação confidencial que tenha valor econômico real para uma empresa justamente por não ser de conhecimento público. Ao contrário de marcas e patentes, que exigem registro formal junto ao INPI, o trade secret é protegido pela própria confidencialidade e pelas medidas práticas adotadas pelo seu titular para manter essa informação sob sigilo. Não existe prazo determinado de validade — o segredo permanece protegido enquanto for mantido em segredo.


Essas informações podem assumir muitas formas: fórmulas, algoritmos, processos internos, listas de clientes ou fornecedores, estratégias de mercado, métodos de produção, planos de expansão ou qualquer conhecimento técnico ou comercial que proporcione vantagem competitiva. O importante é que não sejam informações óbvias ou acessíveis publicamente, e que a empresa adote medidas concretas para protegê-las, como controles de acesso, cláusulas contratuais específicas e acordos de confidencialidade.


Um dos exemplos mais conhecidos de segredo comercial é a fórmula da Coca-Cola, mantida em sigilo desde o século XIX. Se tivesse sido protegida por patente, a fórmula teria se tornado pública após 20 anos, perdendo seu caráter exclusivo. Ao optar pelo segredo, a empresa conseguiu manter sua vantagem de forma indefinida, transformando a confidencialidade em estratégia.


Por outro lado, é justamente pela natureza confidencial do segredo comercial que os riscos também são altos. A maior parte dos vazamentos ocorre dentro da própria empresa: funcionários e ex-funcionários, prestadores de serviço, fornecedores ou parceiros comerciais que, por má-fé ou falta de controle, acabam expondo informações valiosas. Em tempos de alta rotatividade e compartilhamento de dados digitais, a gestão desses riscos precisa ser feita com seriedade.


A melhor forma de proteção jurídica é agir de forma preventiva. Termos de confidencialidade — os conhecidos NDAs (Non-Disclosure Agreements) — são instrumentos fundamentais, desde que redigidos com precisão, clareza e adequados à realidade de cada relação comercial. Além disso, cláusulas específicas de sigilo, não concorrência e penalidades devem constar em contratos de trabalho, prestação de serviços e parcerias estratégicas. Também é recomendável que a empresa tenha uma política interna clara sobre o tratamento de informações sensíveis, treinando sua equipe e registrando os acessos e os fluxos de dados estratégicos.


A Justiça brasileira, e também os tribunais internacionais, têm reconhecido a validade jurídica dos segredos comerciais, desde que o titular comprove que tomou medidas reais para resguardar a confidencialidade da informação. Ou seja: não basta alegar que um dado é secreto — é preciso demonstrar que ele foi tratado como tal.


Em um mundo onde dados, processos e estratégias são mais valiosos do que muitos bens físicos, o segredo comercial pode ser o ativo mais importante de uma empresa — e, ironicamente, o mais negligenciado. Proteger um trade secret não é apenas uma questão de manter silêncio, mas de agir com estratégia, método e respaldo jurídico. Informação é poder, e poder, bem protegido, se transforma em vantagem competitiva duradoura.


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